Acusada de matar filha em Santa Bárbara d’Oeste vai para manicômio
terça-feira, 20 de março de 2012Acusada de matar a própria filha por espancamento em outubro de 2010, na cidade de Santa Bárbara d’Oeste, a dona de casa Noêmia Pereira Lima Lipi terá de passar pelo menos os próximos três anos em um manicômio judicial, conforme relatou a sentença do caso.
Noêmia foi considerada culpada pelo crime, porém “inimputável” (não pode responder por si judicialmente, devido a retardo mental ou outro tipo de anomalia), será internada cumprindo medida de segurança após ter tido comprovado o comportamento desequilibrado, e só será liberada quando os médicos confirmarem que ela não representa mais nenhum risco à sociedade.
Atualmente presa na penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, a acusada ainda foi condenada a pagar 100 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) – cerca de R$ 1,8 mil.
A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária deverá confirmar nos próximos dias o dia e local no qual a acusada será internada.
Para a promotora do caso, Luciana Ribeiro Guimarães, houve justiça na decisão.
“A sentença atendeu exatamente ao pedido do Ministério Público e por isso não vou recorrer. Ela terá esse período mínimo de três anos no manicômio, mas é possível que fique até um tempo maior, pois ficou claro o seu distúrbio. Foi um caso chocante pela forma que aconteceu e esse nível de violência não é comum de ser visto”, disse.
Durante as investigações, a acusada se contradisse inúmeras vezes, ainda que tenha se declarado inocente em todos os depoimentos, e inclusive chegou a acusar o ex-marido pelo crime.
Ao todo, 22 testemunhas foram ouvidas.
Maus-tratos
Além de os filhos terem relatado agressões e denunciado maus-tratos da mãe, Noêmia foi acusada de ter agredido até mesmo uma companheira de cela na penitenciária de Tremembé.
“Sua postura social assustava, não apenas quem com ela convivia na intimidade, mas todas as pessoas que a rodeavam, incluindo vizinhos que pouco contato tinham com ela”, aponta a sentença da juiza Erika Fernandes Fortes.
A sentença ainda dá conta de que a vítima Denise Aurora Bortolozzo, que tinha 15 anos no dia do crime, apresentou “hematoma em região dorsal, queimaduras de cigarro em região toráxica, queimaduras de cigarro em região dorsal, hematoma na virilha e hematoma na perna esquerda”.
O crime ocorreu na casa da família, no bairro Cidade Nova, e chocou moradores de Santa Bárbara d’Oeste.
A vítima foi encontrada com um lenço azul amarrado no pescoço e morreu ao chegar ao Hospital Afonso Ramos.
Ameaça de morte
Principais testemunhas ouvidas durante as investigações, os cinco filhos de Noêmia Pereira Lima Lipi – sem contar a vítima Denise – deram ainda mais provas do comportamento desequilibrado da mãe.
Em depoimento na Vara da Infância e Juventude de Santa Bárbara d’Oeste, uma das crianças relata que em certa oportunidade esqueceu uma panela no fogo e queimou a carne, o que deixou a mãe revoltada, a ponto de jogar a comida queimada no pescoço da menina.
A garota ainda declarou que Noêmia inclusive colocou a cabeça da filha dentro da panela de pressão, chegando até mesmo a ameaçá-la de morte com uma faca.
Os filhos também alegaram ter sofrido inúmeras agressões e se recordam de momentos em que a mãe os obrigava a vê-la matando porcos e afirmando que, se a desobedecessem, faria o mesmo com eles.
Além disso, as crianças afirmaram que a mãe sempre foi manipuladora e mentirosa, e que seria capaz de qualquer coisa.
O péssimo relacionamento da ré com os familiares e a acusação de ameaças a parentes também foram confirmados pelos filhos.
Fonte: Jornal O Liberal
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